Os “nativos digitais” e o mundo do trabalho

Na última década, por conta das tecnologias emergentes, surgiu o conceito que separa as gerações em “nativos digitais” e “imigrantes digitais“. O primeiro termo se aplica às pessoas que nasceram depois do surgimento da internet e que já olham para o mundo dentro da conectividade digital e da tecnologia. Os demais são as pessoas que nasceram antes do advento da internet. São as pessoas da época em que datilografávamos textos, assistíamos na televisão apenas o que a emissora programava e usávamos os telefones apenas para fazer ligações de voz.

Um mito sobre esse conceito, contudo, é o que que os “nativos digitais” entendem tudo sobre o universo online, suas tecnologias, recursos e aplicações. Eles hipoteticamente são mais eficientes que os “imigrantes digitais” no uso da tecnologia em todo o seu leque: na vida social, no contexto individual, nas atividades acadêmicas e escolares e no mundo do trabalho. Entretanto, pesquisas mostram que isso é um erro de percepção. Um estudo da McKinsey & Company, publicada em 2022, descobriu que 40% dos jovens em todo o mundo não têm as competências digitais necessárias para o mercado de trabalho. Isso significa que mais de um bilhão de jovens estão em risco de exclusão digital. A pesquisa também descobriu que a falta de competências digitais está concentrada em países de baixa e média renda, como o Brasil. Neste tipo de contexto, 70% dos jovens não têm as competências digitais necessárias para a vida profissional, enquanto em países de média renda, 50% não têm.

Uma pesquisa que a Unesco realizou no Brasil em 2023 mostra que 77% dos brasileiros têm acesso à internet. Isso pode parecer positivo, todavia, representa que estamos em 36º lugar em um ranking de 50 países em desenvolvimento que participaram deste estudo. Além disso, apenas 40% dos brasileiros usam a internet para fins educacionais. As desigualdades no domínio de competências digitais espelham as desigualdades de gênero, raça e idade ainda muito grandes no país. Os jovens negros têm menos probabilidade de ter as competências digitais necessárias do que os jovens brancos. As jovens mulheres têm menos probabilidade de ter as competências digitais necessárias do que os jovens homens. Os jovens de baixa renda têm menos probabilidade de ter as competências digitais necessárias do que os jovens de alta renda.

Os jovens tendem a ter boas competências digitais em um fragmento do universo digital. Costumam dominar bem ferramentas de comunicação rápida, como o WhatsApp e Telegram. Ainda têm boas competências nas redes sociais, especialmente no uso do Instagram e TikTok. Já quando chegamos no uso de ferramentas para atuação no trabalho, como o pacote office, ferramentas de reuniões virtuais, calendário digital, ferramentas de design, aplicativos de colaboração, etc., os nativos digitais ficam perdidos, com nível de competência muito baixo. Isso derruba de forma muito relevante os níveis de empregabilidade dos jovens brasileiros. Além de tudo, faz do Brasil uma nação de baixa competitividade em âmbito internacional para atrair empresas e investimentos globais.

Nas formações que a Fundação Wadhwani oferece sempre incluímos componentes voltados para letramento digital básico de forma a trazer o desenvolvimento dos jovens para este nivelamento mínimo. Assim, enquanto eles se formam em competências do tipo soft skills, também melhoram sua atuação com esses elementos tão importantes para o mundo do trabalho.

A Fundação Wadhwani é uma organização sem fins lucrativos que oferece suas formações em formato pro-bono, sem nenhuma contrapartida financeira de nossos parceiros. Conheça mais sobre nosso trabalho em nosso site ou entre em contato com nosso time através do fone (11) 99654-7330.